– Por Nicolás Gramajo –
Guillherme Salgado, más conocido como “Gui”, nació en el estado brasilero de Minas Gerais, aunque se considera bahiano de corazón. Es poeta, profesor de permacultura, músico y viajero. Lo conocimos tocando el pandeiro y vendiendo sus libros en Vale do Capão, y lo reencontramos en Salvador de Bahía donde le hicimos esta entrevista.
– De Minas Gerais a Bahia. Por que Salvador para morar?
Como canta Dorival Caymmi, “andei por andar andei e todo caminho deu no mar, quem chega na beira do mar, aí, nunca mais quer voltar”. Venho para Bahia em 2009, para continuar minhas andanças pelo país, a través de um trabalho como sanitarista, num órgão do estado, mas este lugar, com toda sua história viva, tinha mais a me ofertar, como um lugar onde eu já parecesse ter nascido, mas na verdade não, reconheço os “privilégios” de ter nascido e me criado, até o início da juventude, em Minas Gerais, mas certamente um lugar onde renasço. É como se Minas fosse mina mãe e a Bahia mina avó.
– Como você vira em professor de permacultura?
Incomodado com os “trabalhos” no Estado e, ao mesmo tempo, procurando me encontrar com minhas potências criativas e significativas, inicio uma série de encontros e cursos no universo da permacultura desde 2008, quando conheci um coletivo que trabalhava com permacultura e saúde junto a uma comunidade praiana de João Pessoa- PB e, com mais freqüência nos últimos três anos, na Bahia. Quando deixo o trabalho no Estado, no final de 2012, já começo um curso de desenho em permacultura (PDC) em Rio de Contas- BA. Além de poeta e educador popular, a partir desta que não deixa de ser poesia, vem uma grande necessidade da lida com a terra, portanto, este anseio de ser também jardineiro.
– Que e para você na samba e samba de roda?
O samba para mim é a maior manifestação da poesia popular brasileira, a través de uma musicalidade incrível, que existe de infinitas formas.
O samba de Roda é uma das principais matrizes de todos os outros “sotaques” sambas, que está bem viva na Bahia e no Brasil, com ênfase na região do Recôncavo Baiano.
– Que importância tem o pandeiro na vida de um brasileiro?
Além de ele ser um instrumento leve, prático e de ser uma “bateria de mão”, ele é ou pode ser utilizado em diversas manifestações da cultura popular brasileira, como o Coco, o Samba, o Frevo, o Chorinho, dentre outras.
-Que você acha da nova situação política brasileira, os protestos e a gente na rua?
Acredito que há um levante geral de incômodos com diversas situações de opressão que possuem causas coletivas sólidas e individuais/singulares descoladas, uma mistura heterogênea de interesses e/ou desejos. Mas resumindo, a subversão e o afronte as forças opressivas do Estado é o que mais me chama atenção, gosto de uma daquelas faixas/cartazes das manifestações “O Gigante Acordou”, o que precisamos estar atentos é, não deixá-lo dormir por mais tanto tempo e que avancem os diálogos interculturais equilibrados e respeitosos entre as diversidades.
– Como você participa do Movimento Sem Terra? Por que é tão importante sua luta?
O MST é o maior movimento social organizado de base popular no Brasil, que tem a Reforma Agrária como seu eixo central que agrega a sua luta todos os determinantes de vida e saúde de um sujeito individual e coletivo, como saúde, educação, cultura, dentre outras, todas elas com seu próprio referencial popular.
Desde minha época da universidade, me envolvo com alguns trabalhos em assentamentos e acampamentos do MST, sendo que no ano de 2012 fiquei durante seis meses junto a um coletivo, desenvolvendo atividades de apoio a um assentamento do movimento no interior da Bahia.
Além disso, cotidianamente defendo suas ideologias e práticas, assim como o Movimento Zapatista, no sudoeste do México.
– Que é ser poeta para você?
De certa forma, é como Alberto Caeiro diz, “ser poeta é minha única maneira de estar só”. Na busca de minhas potencias criativas percebi que a poética na escrita e nos relatos me deixam, de certa forma, mais azul, mais leve, mais gostoso de mim e com meus encontros dialógicos.
-Sobre a Itinerância Poética.
É um movimento forjado a partir deste livro primeiro, que tem me permitido voar e ecoar por lugares jamais pensados, contanto, sentidos…
É isso gente, o que era pra ser uma reunião de alguns versos em forma de libreto, vira um movimento.Na tentativa de ser coerente com o nome, viagens em ônibus, aviões, onírizirezas, ganha um aliado, o Trovão Branco 79, vulgo 79… e assim seguimos com mais um motivo pra nos encontrar, a poesia…
Vamos dialogar com este movimento a través do blog: http://www.itineranciapoetica.blogspot.com
– Sua próxima viajem, como vai ser?
Irei para Cuba, fazer lançamentos, diálogos e trocas dos livros na versão em castelhano, com isso, exerço o ato simbólico de ruptura das fronteiras latinoamericanas e me aproximo de meus irmãos poetas.
– Por que cuba?
Por ser o nosso único referencial vivo de experiência comunitário em nível nacional e pelo fato de sentir que temos muito que aprender com o “Novo Homem e a Nova Mulher” que esta soberana nação vem forjando. Viajo em busca do encontro com seu povo, sua música, sua poesia, sua permacultura, em fim, com seu jeito de viver.
– Por que você acha importante sair a viajar pela América Latina?
Porque acredito que precisamos conhecer nossas histórias originárias a partir dos encontros entre nossos povos para que possamos pintar um novo cenário vivo, amparado por nossas próprias referências e nos desvestirmos desta roupagem hegemonicamente européia.
SAMBA
Samba é assim,
Está em todo lugar,
Com vários nomes,
Sotaques e não definições.
Samba de roda,
De breque, Chula
E de partido alto
Samba enredo
De gafieira, maxixado
E de terreiro.
Samba de coco,
Choro, caboclo
E com o que quisermos…
Amor e Denúncia
Desespero e ironia
Prantos, dores e alegrias
Samba é assim,
Para cantar, para sorrir, para chorar
Para sambar.
Samba Canção,
Samba de crioulo,
Segura a marcação…
Na verdade
Samba é assim,
Sem preconceito, designo de raça ou definição,
Pronto pra acolher,
Ateu, budista e cristão…
Guillerme Salgado
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